LAS FILIGRANAS DE PERDER

junio 15, 2007

De Noite - Colaboración desde Brasil


DE NOITE
Ronaldo Monte

Ela era De Noite, como eram De Fátima, Da Guia, Das Dores, Dos Prazeres.
Ela era De Noite, como eram as corujas, os morcegos, os bacuraus, os pirilampos.
Só saía de noite, como a lua, as estrelas, o lobisomem e as almas penadas.
Era De Noite quem passava agora, vinda não se sabe de onde. Era De Noite que já ia longe,
não se sabe pra onde, não se sabe pra quem.
Era De Noite que ele queria. Era De Noite que não o queria, que passava por ele sem olhar,
deixando um rastro de cheiro de carne negra. Que era negra, De Noite.
Negra ficou-lhe a vista, turvada pela ânsia da noite que morava no canto mais escuro do
corpo de De Noite. Do corpo que sumia fundido com a noite.
DE NOITE, DE NOITE, gritava para as casas pesadas de sono.
De Noite, De Noite, soluçava para dentro de si, na mais completa escuridão.

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